O termo BioArquitetura (Arquitetura Viva) começou à ser usado por volta da década de 80 por arquitetos e construtores, para designar construções que causam mínimo impacto ambiental e buscam uma harmonia com o meio natural, utilizando fontes de energias renováveis como a solar e a eólica (ventos), materiais naturais locais e fazem uso racional da água, mas bem antes dos anos 80, apesar do termo BioArquitetura ainda não existir, desde os tempos imemoriais da civilização humana, a Arquitetura já praticava estes preceitos, os sistemas tradicionais do construir evoluídos com suas características próprias em cada região do planeta respondem as questões ambientais e sociais com eficácia, foi com o advento da era industrial dos séculos XIX e XX que a indústria da construção sobrepondo os sistemas tradicionais de construção se torna uma das maiores poluidoras do planeta (ver quadro abaixo), causando enorme impacto ambiental e social, lógico que antes da era industrial os assentamentos humanos principalmente os urbanos já causavam impacto ambiental, mas a escala desse impacto promovido no século XX é alarmante, e o pior é que não soluciona o problema do déficit habitacional produzindo habitações e construções de baixo nível de conforto e qualidade, esta situação nos obriga a um posicionamento por uma busca de uma melhor prática da Arquitetura, possível e factível e na sabedoria dos sistemas tradicionais de construção temos um conjunto de soluções criativas e inteligentes que podemos nos apoiar para esta melhor prática aliada às novas tecnologias, de modo que a chamada BioArquitetura vem em resposta a uma situação de crise ambiental, social e de identidade cultural.
Este olhar à essência do fazer da Arquitetura nos trará uma maior compreensão do nosso fazer atual, visa um equilíbrio, unindo a sabedoria das tradições ancestrais e milenares com os novos conhecimentos e as tecnologias “limpas” ou ecoeficientes, resultando em um novo fazer consciente e uma melhor prática que resgata o valor dos trabalhos manuais, dos materiais naturais renováveis e usa com mais consciência energia, água e os produtos industrializados, promovendo:
- Reciclagem e técnicas de reutilização de materiais;
- Pesquisa de novos produtos à base de matérias–primas naturais não agressivas e renováveis como óleos e resinas vegetais;
- Desenvolvimento de novas maneiras de utilizar materiais de mercado com características agressivas ao meio ambiente diminuindo a quantidade empregada (petróleo, cimento, madeira, PVC, alumínio, etc...);
- Sistemas energéticos que utilizam recursos naturais potencialmente renováveis (solar, eólico, biodigestor, óleos vegetais, etc...);
- Sistemas de tratamento naturais dos efluentes domésticos (esgoto);
- Novas visões de gestão da obra e da manutenção dos edifícios evitando desperdícios;
- Educação para o consumo consciente;
- Criar um ambiente construído saudável e não tóxico;
- Valorização das pessoas, dos materiais e da cultura local.
A BioArquitetura está inserida nesta nova e ao mesmo tempo ancestral idéia de integrar o fazer humano com o meio ambiente em que se vive, estabelecendo com ele uma sinergia, uma cooperação entre Homem e Natureza, objetivando uma vida mais saudável para a humanidade e também para o planeta, entendendo o ser humano como parte integrante do meio natural e não separado dele. O abrigo construído pelo Homem deve ser compreendido como algo vivo com seu metabolismo próprio, que vai interagir com o Homem e o meio em que está, não só na fase de construção, mas principalmente durante o seu uso.
A Arquitetura neste início de milênio se depara com um novo paradigma: Evocar o passado e atuar consciente no presente para garantir um futuro comum para todos.
Fonte: Archidomus Arquitetura – Arquiteto Francisco Lima